17.2.12

SMONTA E RIMONTA


...e rimonta
Ecco qui il nostro blog, meglio tardi che mai ! Finalmente posso scrivere al presente..
Ora siamo in Brasile, a casa di Renan, vicino a Porto Alegre. Le biciclette hanno sorvolato l’oceano in mille pezzetti, ben inscatolate e protette dai miei vestiti, ed é stato un buon modo per farceli stare i miei vestiti…!hahah! Ma ora sono già montate e pronte (o quasi, dobbiamo ben testarle ed equipaggiarle), per partire verso sud !!!!

i miei vestiti tra i raggi!

Alpes franceses

Em Annecy, nos informamos com os ciclistas locais (e existem muuuitos) sobre as etapas seguintes. Havíamos pensado Suíça, mas eles aconselharam passar pela Itália. Assim passaríamos para a Itália passando ao sul do Mont Blanc pelo famoso passo do Petit Saint-Bernard. Mas antes disso deveríamos passar pelo Cormet de Roselend. Uma ciclista experiente nos advertiu, "Se vocês passam o Cormet de Roselend, vocês podem fazer qualquer passo".

Ataca-se o Cormet de Roselend partindo de Beaufort, 800m de altitude. Diga-se de passagem que o camping de Beaufort é um ótimo campo base para passar as férias na montanha.  O passo de Roselend é a 2000m e a inclinação fica em torno de 8%. Sim, é difícil e longo, mas a paisagem é tão bonita que a gente até esquece do esforço. Em cima do passo, paramos para comer e acabamos conversando com alguns ciclistas locais. Com suas bicicletas de carbono de 6 quilos, muitos estavam impressionados com a nossa bagagem. Ali nos aconselharam uma área de camping gratuita logo na descida do passo.
 
 Felizmente descobrimos esta localidade que se chama Les Chapieux. Localizada a 1500m, do ladinho do Mont Blanc o local nos pareceu tão agradável que optamos por ficar acampados ali por alguns dias. Assim  foi possível descansar as pernas fazendo algumas trilhas curtas na montanha. Uma destas trilhas subia a 2500m, na fronteira com a Itália. Deste ponto, além de uma ótima vista do Mont Blanc, pudemos avistar uma estradinha de terra que parecia nos levar a alguma cidade italiana.
 
  De retorno a Les Chapieux encontramos Philippe, um professor de música que estava treinando para o Grand Trail du Mont Blanc, uma corrida de mais de 100 km por trilhas ao redor do Mont Blanc! Conhecendo bem a região, eles nos confirmou que era possível chegar a Courmayeur na Itália, através daquela estradinha de terra que havíamos visto. Entre o Petit Saint-Bernard, com seu intenso fluxo de carros, e aquele visual lindo do Mont Blanc, resolvemos passar para a Itália através da trilha de trekking.

Foi neste dia o maior esforço físico da viagem. Era uma trilha de montanha, para ser subida a pé. As inclinações eram altíssimas. Foi possível pedalar até 1700m de altitude. Dali em diante, empurramos as bicicletas. Tal era a inclinação em alguns pontos que não era possível empurrar uma bicicleta carregada. Devíamos, os dois, empurrar uma bicicleta por vez! Chegando lá em cima, fomos aplaudidos por todos os caminhantes que passaram por nós na subida.
  A descida não foi fácil até o ponto em que chegamos a bendita estradinha de terra. Então pudemos montar nas bicicletas. Alguns quilomêtros depois, chegamos a um refúgio italiano ao pé do Mont Blanc. Neste momento, tomei, junto com Elisa, a melhor cerveja da minha vida!


Vale do Reno

Entre os Alpes e o Massivo central, fomos obrigados a descer praticamente ao nível do mar para seguir rio Reno acima em direçao à Suíça. Foi uma pena. A temperatura no massivo central estava amena e nós nos habituamos ao baixo fluxo de carros.  Já embaixo, era quente e abafado além de ser uma região mais industrializada. Por sorte, ao longo do rio Reno há muitos trechos de ciclovias. A previsão é de que em 2013, haverá uma ciclovia percorrendo todo o longo do rio Reno, do lago Leman na Suiça até o mar mediterrâneo em Marseille.

Mesmo com estas ciclovias, para entrar em uma cidade grande como Lyon, foi mais conveniente pegar o trem. Se eu soubesse do trabalho que é entrar no vagão com uma bicicleta carregada, teria pensado duas vezes. O melhor seria evitar grandes cidades, mas em Lyon, morava Jean-Michel, um velho amigo que nos hospedou por alguns dias.

De Lyon a Annecy, seguimos quase sempre pelo Reno. Alguns quilometros depois de Lyon, entramos em uma bela ciclovia que nos levou até Aix-les-Bains praticamente com desnível zero. Assim, entramos nos Alpes nos esquivando das montanhas. Em Aix-les-Bains tomamos nosso primeiro banho de lago nos Alpes. É ótimo para repor as energias.

Para chegar em Annecy, abandonamos o curso do rio Reno para tentar um atalho. No mapa que eu tinha, não havia indicações de grandes desníveis no trajeto "atalho". Acontece que aquelas indicações, como eu descobri depois, eram relativas de região para região. Na verdade, o nosso atalho era um sobe e desce desumano para pobres cicloturistas desavisados. Enfim, chegamos exaustos a casa de Flora em Annecy.

Flora havia morado conosco neste último ano em Montpellier. De tanto ver cicloturistas ao seu redor e sem saber o que fazer nas suas férias, resolveu de última hora ir de Montpellier a Annecy com sua bicicleta de 15 euros. Ela saiu alguns dias depois de nós e seguiu pelo vale do Reno, evitando o Massivo Central e enfrentando o calor. Chegou uma hora antes. Comemoramos o nosso encontro devorando um fondue de queijo, típico da Haute-Savoie.

Massivo Central

O tão esperado frio não apareceu logo que fizemos o nosso primeiro passo a mil metros. Ainda sem um bom preparo físico, fazer mil metros de desnivel com 30 kg de bagagem, a 37 graus foi uma experiência "enriquecedora". A Elisa chegou a chorar durante a subida, não sei se foi dor, cansaço ou medo, mas passou logo. Talvez ela tenha cansado de ouvir "é so mais uma curvinha e chegamos. Lá em cima vai estar fresquinho". Semanas depois, após ter feito alguns passos alpinos, eu me dei conta de que esta primeira subida do massivo central foi uma das mais difíceis da viagem.

Subidas e esforços físicos a parte, esta região da França conhecida como Auvergne é muito bonita e tem estradas perfeitas para cicloturistas. É uma região pouco habitada e com muitas belezas naturais. Existem hotéis e albergues preparados para receber ciclistas e ainda existe um camping municipal em cada cidadezinha. A melhor época é a primavera.

Nós passamos pelas cidades de Florac e Puy-en-Velay. Nesta última ficamos hospedado na casa de Sylvain, que contatamos através do site www.warmshowers.org. Sylvain tem um grave problema de visão que o impede de dirigir veículos motores. Para se locomover ele usa uma tricicleta reclinada elétrica, na qual ele adaptou um painel solar que ajuda a carregar as baterias e, de quebra, lhe protege do sol. Eles nos mostrou a histórica cidade de Puy-en-Velay e no dia seguinte nos acompanhou na sua tricicleta solar até a proxima etapa, a casa de Xavier, um couchsurfer que nos recebeu como reis.

Dois meses de cicloturismo na Europa

O ponto de partida foi Montpellier. Cidade do sul da França, onde eu e Elisa nos conhecemos e moramos por três anos. A viagem se fez em pleno verão, não por escolha. Decidimos que sairíamos logo após o fim do meu doutorado. Mas devido aquele atraso habitual, não foi possível aproveitar a primavera, que é a melhor estação para se viajar na Europa.

O destino era Padova, no nordeste da Itália, casa dos pais da Elisa. Temendo as altíssimas temperaturas do verão, optamos por fazer a maior parte do percurso em altitude. Havíamos previsto passar pelo Massivo Central, região montanhosa e desabitada no centro da França, e depois entrar no Alpes, que nos levariam até o nordeste da Itália. Isso foi feito, mas nós acabamos avançando mais rápido do que o previsto e esticamos a viagem até a Croácia, passando pela Eslovênia e ainda um pedacinho da Áustria.

O preparo para essa nossa primeira viagem não foi nada ortodoxo. Um mês antes, a Elisa machucou um joelho enquanto escalava e torçeu um tornozelo fazendo uma trilha. O médico recomendou repouso total durante um mês. Eu estava ocupado com a defesa da minha tese e também acabei fazendo um mês de repouso, ao menos fisico. Além disso, resolvi ir finalmente ao médico para ver um probleminha que eu tinha no joelho há tempos. Descobri um ligamento rompido entre tantas outras nhacas. Tudo isso, juntado ao calor infernal que fazia, não correspondia exatamente as condiçoes ótimas. Mas nós estavamos tão decididos a viajar que elaboramos até um plano B, que seria Montpellier-Padova à remo. No entanto, o plano A deu certo. Os joelho melhoravam a cada dia de pedalada e após três semanas, a Elisa até pôde pedalar sem a tornozeleira.

A partida

Era 28 de julho. Luciano e Joselyn, dois amigos chilenos, dormiram em nossa casa antes de continuar sua viagem de bicicleta. Assim, nós deveríamos partir todos mais ou menos juntos. Porém, eu precisava dar umas apertadinhas na bicicleta e acabamos saindo separados. Bicicleta carregada, eu dou as três primeira pedaladas e provoco o maior acidente mecânico da nossa viagem. Porque eu não apertei alguns parafusos, o porta-bagagens traseiro girou no eixo e foi de encontro ao câmbio. Isto me incomodou muito. Parecia um anúncio daqueles dias em que tudo dá errado. Sabiamente, optamos por partir no dia seguinte, para não começar mal a viagem.

Nos primeiros dias, fizemos etapas bem curtas, entre 30 e 50km, para nos adaptar fisicamente. Além disso, ainda estavamos em baixa altitude e havia muito calor. Acho que o que nos ajudou muito foi a boa alimentação a base de grãos germinados. Fizemos germinar lentilha, trigo, grão-de-bico, etc. durante a viagem. Deixa-se de molho durante a noite e depois coloca-se em um saquinho de linho cuidando para manter a humidade.

Toda a região de Montpellier até o começo do Massivo Central nos era bem familiar. Nos sentíamos ainda em casa até fazer o primeiro passo do massivo central.